quarta-feira, 31 de julho de 2013

Edição em ação




Roteiro concluído, agora é o momento das centenas de tomadas selecionadas serem organizadas na ilha de edição da MMP. O trabalho está sendo realizado pelo editor Hélio Moura em parceria com Luiz Felipe Botelho, roteirista e diretor do documentário. Houve problemas de áudio em algumas entrevistas, que terão que ser refeitas em breve, mas isso não vai atrasar o cronograma, já que 90% do material captado já está em condições de ser trabalhado na ilha. A previsão de conclusão de todo o trabalho, incluindo trilha sonora e efeitos, é a primeira quinzena de setembro.
(Foto: peças em madeira policromada de artesãos do Coletivo Mestre Noza - Juazeiro - Ceará)


segunda-feira, 29 de julho de 2013

Roteiro concluído - PARTE 4 de 4 - Preencher lacunas


Com o roteiro concluído, identificou-se a necessidade de complementação de imagens e depoimentos, o que exigirá uma nova viagem ao Cariri. Dentre as imagens, será realizada uma geral em time-lapse da cidade de Juazeiro, detalhes da ambiência do horto da grande estátua do Padre Cícero e um plano-sequência envolvendo o acesso ao Espaço Mestre Noza. Quanto aos depoimentos, será feita uma nova entrevista com os integrantes do Coletivo Café com Gelo, focalizando as três performances realizadas pelo grupo.
(Texto de Luiz Felipe Botelho / Foto: Momentos finais da performance "O Vingador dos Fósseis", do Coletivo Café com Gelo. Da esquerda para direita, Júlio Ribeiro (câmera), dois trabalhadores da pedreira, o ator Ramon Kesslen, outro trabalhador da pedreira, Allan Bastos (fotógrafo), Ciema Mello (antropóloga) e Fernanda Chemale (fotógrafa).

sábado, 27 de julho de 2013

Roteiro concluído - PARTE 3 de 4 - Blocos de conteúdo



Como Lara Buitron já mencionou em postagens anteriores, os conteúdos das gravações do documentário "Nordestes Emergentes" naturalmente sugeriram uma organização em blocos. Se no esqueleto do roteiro eram cinco grandes blocos, posteriormente, com o aprofundamento dos conteúdos, se desdobraram em onze. Cada bloco ganhou um título como recurso de organização e identificação, sem que isso significasse que o produto final seria explicitamente blocado e titulado. Para que as partes viessem, ao final, se configurar como uma unidade, a coerência interna de cada bloco foi tratada considerando sua ligação com os demais. Os blocos são os seguintes: Prólogo (referências sobre o Projeto); Personagens Centrais (introdução da antropóloga Ciema Mello e da fotógrafa Fernanda Chemale); O Aniversário (registro da festa dos 169 anos de nascimento do Padre Cícero); Procissão de São José; Universo de Imagens (o trabalho de Titus Riedl e Telma Saraiva); Presentes da Pré-História (introdução e primeira performance do Coletivo Café com Gelo); "Multiplicai-vos Senhor" (segunda performance do CCG); O Legado de Padre Cícero (terceira performance do CCG); O Sertão Fashion de Espedito Seleiro; A Casa de Mãe Dodô; e Epílogo.
(Texto: Luiz Felipe Botelho / Foto: Sala principal da casa de Mãe Dodô)


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Roteiro concluído - PARTE 2 de 4 - Uma pré-edição mental



Há uma vantagem quando se é, ao mesmo tempo, roteirista e diretor de um documentário. Ao acompanhar as gravações é possível analisar os conteúdos a medida em que eles surgem diante da câmera. Cada novo conteúdo pede um olhar sobre tudo o que já foi gravado, uma análise sobre como a nova informação dialoga e/ou entra em embate com o conjunto de dados já recolhido. O fato é que aquilo que virá a ser o roteiro de um documentário, começa a ser escrito no cérebro desse observador como um sistema de possibilidades, já que só poderá ganhar uma forma final depois que as gravações estiverem concluídas. Quando isto acontece, o diretor-roteirista examina e classifica todo o material captado e começa a "montar" o que, a princípio, parece um grande quebra-cabeças de imagens, sons e depoimentos. Neste caso a palavra "montar" parece apropriada pois, fazer um roteiro tendo em mãos a maior parte do material gravado, é como ter a possibilidade de visualizar mentalmente uma espécie de pré-edição, a medida em que os trechos de fala e imagem vão sendo selecionados, organizados e transcritos.
(Texto: Luiz Felipe Botelho / Foto: Quadros em cerâmica colorida de artesãos do Coletivo Mestre Noza)


terça-feira, 23 de julho de 2013

Roteiro concluído - PARTE 1 de 4 - Fios condutores





















O roteiro está pronto e não deixa de ser curioso dizer isso somente depois que todas as gravações já foram realizadas. Mas trata-se de fato comum no âmbito dos documentários: não se pode roteirizar a vida, mas é possivel se preparar para lidar com ela. Elaborar o roteiro de uma obra desse gênero implica em incorporar o imprevisto como um dado do próprio trabalho. Ao contrário das obras de ficção - nas quais é possível se chegar a um roteiro pronto antes das gravações - os documentários não tem como começar sua realização com algo mais que pré-roteiros abertos ou, no mínimo, objetivos gerais e "fios condutores", que servirão para direcionar o foco temático durante o período de gravações. Esses indicativos pré-definidos também ajudarão posteriormente a organizar e dar sentido as imagens e depoimentos captados. Por não se ter sempre um controle das condições técnicas do que será gravado, a estética do trabalho também tem que incorporar essa qualidade de limitação. Tais limitações não são um problema em si, revelando-se mesmo como um dos elementos norteadores da criação, tanto em termos estéticos quanto de conteúdo. No caso do roteiro do "Nordestes Emergentes", definiu-se como objetivo do trabalho mostrar esses Nordestes no contexto do Projeto realizado pela Fundação Joaquim Nabuco. O "fio condutor" usado para isso foi a viagem ao Ceará (região do Cariri) emprendida pela antropóloga Ciema Mello (na foto acima ao lado do artesão Espedito Seleiro) e a fotógrafa Fernanda Chemale. Já que não seria possível documentar as pesquisas do projeto em todos os estados do Nordeste, este trabalho foi tratado como forma de exemplificar a dimensão e importância que esse Projeto tem para a compreensão da dinâmica dessa região na atualidade.
(Por Luiz Felipe Botelho)


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Explorando o Roteiro do Documentário - PARTE 2 de 2


O esqueleto de nosso roteiro já está pronto! O que é um esqueleto de roteiro? O esqueleto é uma guia; depois de assistir todo o material que temos, nosso diretor, Felipe Botelho, parou para organizar as idéias e botou no papel como seu futuro roteiro se organizaria. O resultado foi uma divisão de temas em cinco blocos: Pesquisa, Artistas, Performances, Religião e Sociedade de Consumo; além de uma introdução que vai explicar um pouquinho mais sobre a pesquisa que é o Nordestes Emergentes. Como se trata de uma guia, a ordem dos blocos não está fechada e a própria blocagem pode ser desdobrada e recombinada, dependendo do andamento do trabalho com as imagens que dialogarão com os depoimentos colhidos e selecionados.

Museu de Paleontologia do Cariri 

Para não entregar assim de bandeja nosso filme vou explicar bem por alto esses blocos. Na parte da Pesquisa vamos apresentar Titus Riedl, nosso amigo historiador da URCA e que ajudou muito Ciema em sua pesquisa, vamos falar de coisas que nos chamaram a atenção no museu que é a casa de Titus.

 Coleção de grafismos de caminhão, do acervo de Titus Riedl

No bloco sobre Artistas vamos falar sobre os artesões que encontramos no caminho; já em Performances falaremos sobre o Coletivo Café com Gelo e sobre os trabalhos que pudemos ver deles, fazendo um paralelo com o sertão da pós-modernidade; em Religião não poderíamos deixar de lado Padre Cícero, obviamente, mas falaremos também da religiosidade que encontramos no sertão e como ela consegue ser culturalmente plural; no último bloco, Consumo, vamos mostrar um pouco da China no Sertão do Cariri e do comércio rico que vimos lá (o shopping, por exemplo).


Ciema Mello entrevista Espedito Seleiro


Há também um epílogo, que é onde vem a conclusão do documentário. Quando falamos em final, sempre pensamos em algo fechadinho da onde tiramos uma opinião do autor, mas nem todo documentário é assim, o nosso mesmo vai terminar em reflexão. O diretor quer que as pessoas formem suas próprias considerações sobre o que viram e ouviram.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Explorando o Roteiro do Documentário - PARTE 1 de 2


Como já foi dito em post anterior nossas transcrições vão servir como base de roteiro para o documentário e deve ter muita gente se perguntando qual é a lógica de ter um roteiro na pós-produção, quando o “normal” é na pré-produção, durante a gestação do projeto. Bom, essa noção de que o roteiro, obrigatoriamente, deve ser feito antes das filmagens vem do filme de ficção, junto com essa noção forma-se outro conceito para o documentário, de que sua criação é de “cinema de guerrilha”, com uma ideia na cabeça e uma câmera na mão se pode fazer qualquer documentário e hoje veremos que não é bem assim. O roteiro documental é uma escrita em aberto, muitas vezes leva todas as fases de produção para ser concluído. Nessa parte I falaremos um pouquinho sobre a construção histórica desses conceitos.


Lá pra 1905, no comecinho do cinema, os filmes começaram a se transformar de curtas para longas-metragem, como também estavam saindo da experimentação e da simples amostragem de imagens que se mexem, para construir uma narrativa, engatinhava para fora dos teatros de variedades para se tornar a sétima arte. Com todas essas mudanças e crescimentos começam a exigir um planejamento mais amplo e nasce o embrião do roteiro cinematográfico, que foi baseado no texto teatral.

Um cinematográfo

Foi também por essa época que o cinema começa a ser visto para além da experimentação, da arte e da curiosidade e começa a ser visto como produto cultural, ou seja, um produto econômico, um bem vendável, logo o roteiro começa a ser escrito levando em conta os custos e lucros do produto final. Como em um roteiro mais fechado é mais fácil de identificar se o filme depois de pronto dará mais lucro do que custo, a ficção começou a dominar o mercado cinematográfico. E criou-se um mito de que o documentário não precisa de organização prévia, de que o documentário existe sem a pré-produção e que, por não conseguir se prever economicamente, não faz parte do cinema lucrativo-industrializado. Como resultado temos hoje uma construção cultural de que o cinema de ficção é “melhor” do que o documental, pois os grandes estúdios raramente se interessam por documentários.

Georges Méliès, o pai da ficção no cinema com seu filme
mais famoso "Viagem à lua"


por Lara Buitron.